Pedro Silva, treinador do ACD Mindelo em artigo
Numa
altura em que se fala bastante sobre as alterações nos quadros competitivos
nacionais, creio que urge, neste momento, falar sobre uma profunda alteração na
organização dos nos quadros competitivos distritais, o que na minha opinião, se
traduzirá num aumento da competitividade, da motivação e acima de tudo, da
qualidade.
Neste
momento, os campeonatos femininos da AF Porto estão divididos em 2
divisões, contabilizando 12 equipas na 1ª Divisão e 8 equipas na 2ª divisão,
jogando-se a 2 voltas e os primeiros classificados no final das mesmas são
designados os campeões distritais.
Tendo
em conta o panorama actual, creio que esta organização não é a que melhor
defende os interesses do futsal feminino na AF Porto, pois proporciona grandes
desequilíbrios competitivos, motivacionais e qualitativos, levando a que o
mesmo se torne pouco atractivo.
Tendo
isto em conta, a minha sugestão é a seguinte:
Acabar
com a 2ª divisão e criar apenas a 1ª divisão, mas dividida por séries, tal como
acontece na AF Braga, existindo um campeonato a 2 voltas, sendo que os
primeiros 4 classificados de cada grupo, qualificar-se-iam para uma fase final
(Play off) e lutariam num campeonato entre si para decidir o campeão distrital
e representante da AFP na Taça Nacional. As restantes equipas, disputariam o
Play Out, também através do mesmo sistema de campeonato a 2 voltas, sendo que o
vencedor ganharia um título (a competição poder-se-ía denominar por exemplo:
Taça Extraordinária AFP).
Com este sistema creio que haverá as
seguintes vantagens, relativamente à estrutura actual:
As
séries seriam organizadas por ordem geográfica, o que traduzir-se-ia em
deslocações menores, e obviamente menos custos.
Competitiva:
A
existência de um Play off, faria com que existissem um maior número de jogos
com um níveis de dificuldade superior, pois com as 8 melhores equipas a jogarem
entre si proporcionariam uma maior exigência a todos os intervenientes do jogo
(treinadores, atletas, árbitros, etc), traduzindo-se obviamente num aumento de
qualidade na modalidade, além de que, quanto mais competitividade houver, mais
preparadas estarão as equipas que depois seguirão para a Taça Nacional em
representação da nossa Associação.
Além
disso, esta formula também ajudaria a que existisse um maior equilíbrio nas
equipas que forem ao Play Out, visto que assim também poderiam competir por um
título, com equipas do “seu” campeonato, levando a que houvesse competição até
ao final da época, mas alicerçada numa evolução gradual e sustentada, ideal
para equipas jovens ou mais limitadas, que desta forma poderiam crescer com
competitividade, mas com paciência e organização.
Motivacional:
O
facto de ser uma 1ª Divisão é, à partida, uma maior motivação para todas as
equipas e permitiria, no meu ponto de vista, trazer mais e melhores técnicos e
atletas para o campeonato distrital feminino. Depois, e para mim um dos
factores mais importantes, existiria a possibilidade das equipas poderem lutar
por um objectivo até ao fim, seja no Play Off ou no Play Out, pois neste momento,
como existem poucas equipas a lutar pelo título, a meio da época já quase que
se sabe quem é que vai ser campeão, perdendo-se o interesse pela competição e
levando a que muitas vezes a luta pelos lugares do meio da tabela seja mais
interessante que a luta pelo título… Desta forma, mesmo que uma equipa ficasse
em 4º lugar na fase regular, continuaria com aspirações de poder chegar ao
título, premiando também a sua evolução ao longo da época, pois como no inicio
da época as equipas ainda estão a definir um modelo de jogo, a adaptarem-se a
novos métodos de trabalho, novas atletas, etc, não estão tão fortes como
estarão na fase final da época, onde já poderiam lutar pelo título de uma forma
mais estruturada.
Dou
como exemplo a época corrente, em que alguns dos principais candidatos
defrontaram-se logo nas primeiras jornadas, criando logo no início um “fosso”
entre as mesmas, levando a que o interesse competitivo diminuísse e que neste
momento, apesar de algumas equipas já terem evoluído e atingido outro patamar qualitativo
que não tinham no início, já praticamente não têm possibilidades de lutarem
pelo primeiro lugar…
Pior
ainda acontece com as equipas do meio da tabela, que praticamente desde o meio
da época, já sabem que não descem, mas também não podem lutar pelos lugares
cimeiros, o que faz com que andem quase meia época apenas a “cumprir
calendário”, o que leva à desmotivação, e obviamente, estagnação no seu
crescimento, o que em nada ajuda na evolução da modalidade e muitas das vezes
origina desistências de equipas, tal como tem acontecido nos últimos anos na
AF Porto, em que todas as épocas, várias equipas desistem por este motivo.
Fica
então aqui a minha opinião sobre algo que eu creio ser urgente reestruturar
para que possamos inverter a tendência das últimas épocas, e acima de tudo,
aumentar a competitividade e a qualidade do futsal feminino na AFP e para que o
futuro da modalidade na nossa Associação não venha, a curto prazo, ficar
comprometido.
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