quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ENTREVISTA À EX- INTERNACIONAL EVA MAGUAN

 Eva com a Selecção Espanhola


Em primeiro lugar a equipa do magiadofutsal gostaria de  agradecer a Eva pela disponibilidade e a prontidão mostrada para responder às nossas perguntas. Conheçam mais um pouco esta referência a nível internacional do nosso país vizinho, nesta entrevista em exclusivo para magiafutsal.

Quen é Eva Manguan, fala-nos um pouco de ti e do teu percurso no futsal...
Sou uma rapariga normal que desde pequeninha minha paixão sempre foi a bola, sempre me diverti a jogar futsal. Disfruto cada momento dos treinos, em todas as deslocações, sorrio muito e sou feliz na quadra. O dia que os treinadores repararem que uma equipa que sorrie é uma equipa feliz é o primeiro passo para ser uma equipa campeã, aí terão dado um passo importante.

Como nasceu a tua paixão pelo futsal?
Imagino que como a todas as crianças, a jogarem a bola nas ruas do nosso bairro com os nossos amigos. Vi que tinha jeito, que me sentia bem ao jogar e aos poucos cheguei onde agora estou. Depois quando começas a competir ao nível máximo tens de ser muito forte mentalmente derivado às pressões que surguem pela vitória da parte dos treinadores e directores dos clubes e isso não sempre é muito agradavel.



 O que representa o futsal na tua vida?
É uma parte muito importante da minha vida, mas não é tudo. Na quadra sou feliz, mas também sei que este será o meu último ano e que a vida continua. Nem tudo na vida é futsal e eu me estou a preparar para o depois...Tenho duas licenciaturas e estou focando a minha vida no ensino, apaixona-me tanto dar aulas como jogar futsal. Estou a preparar um projecto relacionado com o futsal que me inspira muito, a  "Futsal School Eva Maguan" onde todos os treinos serão dados em inglês.


Quando começaste a modalidade, eram campeonatos distritais, com o passar dos anos criaram o campeonato nacional, qual foi a maior diferença que sentiste?
A organização e o nível das equipas foi a maior diferença. Os clubes eram melhor organizados, a competição era bastante mais exigente e o nível das jogadoras muito superior.

Jogas no Móstoles, fala-nos um pouco da tua equipa...
É um clube que esta época está em grandes mudanças pois estão a introduzir bases aos projectos onde todas e cada uma das pessoas sintam orgulho de pertecer a esta entidade. Isso leva tempo e cria dúvidas, e todos as mudanças provocam "muito medo", mas confio plenamente que vamos a conseguir. O Mostoles erá um clube onde se mexia muito dinheiro. Este ano é díficil ganharmos algúm titulo por todas as mudanças que realizamos, mais como dizem dentro do clube, provablemente ganhemos o  título mais importante dos últimos anos; estabilidade, cuidado das camadas jovens e um sentimento pelo clube.

 
Quais são os objetivos para esta época a nível de equipa e individual? 
A nível de grupo é consolidar um projecto e um sentimento de permanencia. A nível individual é continuar a divertir-me na quadra e terminar a minha carreira desportiva sendo sempre eu mesma e poder olhar nos olhos do mundo todo, jogadoras, diretores, treinadores e árbitros sabendo que nunca tratei mal nem prejudiquei em nada de maneira consciente.

Qual foi o treinador que mais marcou?
Olha um dia Malkovic, que foi treinador de basket do Madrid disse que à treinadores que melhoram equipas, que deixam igual ou que as pioram. Posso dizer que foi mais acertado que ouvi deste assunto. No feminino é preciso ter 'muitos' para se achar um grande treinador. Dizem que as jogadoras tem muitos egos, mas o principal problema acaba por ser os egos dos treinadores e seleccionadores. 

Eu tenho tido muita sorte nisso, já ví o melhor e o pior, dividi balneario com bons treinadores, Raul, Andrés, Félix, são treinadores que tem muito conhecimento do futsal; mas o melhor treinador que tive foi H. Posse. Ele é um treinador diferente, saca o teu melhor como atleta sem faltar ao respeito; todas as jogadoras que trabalharam com ele, evoluiram muito depois de ter estado sob as suas ordens.

Eva Maguan com trofeus

Já foste galardoada com inúmeras distinções tanto em Espanha como a nível internacionoal, como se sente com estes reconhecimentos?
É bonito que reconheçam o teu esforço durante tantos anos. Sempre tento dar o meu melhor tanto dentro como fora das quadras. Mantenho sempre o respeito ao meu clube, aos rivais, minhas colegas de equipa e equipas adversárias ou o tenho tentado todos estes anos. Cá estou depois de todos estes anos, é minha 18ª temporada na divisão de honor e isso não é facíl de dizer.


No ano 2008 foi muito marcante na tua carreira desportiva, qual foi a sensação ao teres  sido galardonada  com o premio Umbro Best Women Player Of The Wordl?

Eu desconhecia o prémio, quando me chamaram e me disseram que fui galardoada com o prémio de melhor jogadora de futsal do mundo nem conseguia acreditar. Foi uma grande alegria, mas acho que nos desportos colectivos os prémios individuais são relativos porque as tuas colegas de equipa tem mérito e eu sempre tive muito boas colegas de equipa. Mas a alegria foi muito grande.

Qual achas que é o teu contributo a sociedade como icone no futsal a nível mundial?
Tenho tentado dignificar o desporto sendo honesta em tudo e dando meu melhor sempre. Neste desporto como na sociedade em geral, à muitas mentiras e poucas verdades... e existem pessoas que querem viver a custa do trabalho de outras pessoas e contra isso sempre me revelei.


Como se sente ao ser uma das primeiras jogadoras a ser patrocinada por uma grande marca desportiva, como é a Puma?

Como podes imaginar foi uma surpresa muito agradavel e grande. Estava a acabar o meu contrado com John Smith e foi nessa altura que eles ligaram para mim para assinar por eles e sempre cumpri meu desejo consindo assinar. Os responsaveis da Puma me tratam com muito carinho e respeito em todos estes anos. Eu venho duma família humilde e como tal não podia comprar sapatilhas anualmente, lembro-me de que as minhas sapatilhas tinham de durar várias épocas.

Quando se começa a jogar, fazes por gosto, ninguém te obriga, o que acontece é que se tens jeito, acabam por te remunerar e alguma marca desportiva acaba por assinar contrato contigo ganhando um patrocinio e dinheiro. Estes últimos anos tudo tem sido ao contrário, joga-se para ganhar dinheiro, arranja-se patrocinio com uma marca desportiva e só depois é que se preocupam por tentar apreciar-se e divertir-se jogando.


Patrocinada pela Puma

A crise económica está instalada em toda Europa, como pensa que pode influenciar esto no futsal Espanhol? Sente alguma diferença?
Claro, a crise económica esta afogar as equipas e se não houver  mudanças radicais acho que a competição terá seus dias contados. Os clubes devem ter novas iniciativas, a federação apoia de uma maneira real e estão a procurar outra forma de remuneração, se não fizerem, ficarão muito poucas equipas. É urgente encontrar novas ideias e planteamentos ou voltaremos a fazer as deslocações em carros particulares.

Com tantos torneios internacionais, quais são os países que estão melhores organizados?
Espanhã, Rússia, Portugal, Itália, Brasil, Chile e os países que cuidam este desporto. Acho que Asia também tem países que cuidam a competição mas não os conheço.


A sua estreia com a Selecção Espanhola foi aos 17  anos justamente perante a Selecção Portuguesa, quais são tuas lembranças dessa época?

Puff foi incrível! Ganhamos e marquei três golos, é um dos momentos  mais marcantes e bonitos da minha carreira desportiva.



Com o passar dos anos, voltaste a defrontar  a Selecção Portuguesa, qual foi a maior diferença?

Melhoraram muito, nota-se que tem treinado muito e bem. Tácticamente e técnicamente estão ao nível das melhores seleções.


Os derbis Íbericos são sempre muito disputados e emotivos, tem algúm sentimento especial para ti?

Existe muita rivalidade pela próximidade... Eu tenho uma lembrança muito especial dum jogo contra Portugal em que fomos empatadas o jogo todo e justo no fim do jogo quando o árbrito ia apitar o fim do jogo marquei e ganhamos.


Várias atletas Portuguesas neste últimos anos tem emigrado a liga Espanhola, o que pensa do contributo delas a vossa competição?

Troxeram qualidade o que é muito bom para a competição. Existem jogadoras Portuguesas com muita qualidade e muito carácter.

O que acha do nível da Selecção Portuguesa?
Acho que é um reflexo da evolução dos clubes portugueses, deram um grande passo para frente evoluindo e agora estão a um nível no qual podem ganhar a qualquer selecção.

Destaca alguma jogadora?
Gosto de várias, Sofi( Sofia Vieira) que joga na UA e estes dias no torneio internacional de Itália, observei o Vermoim que tem muito boas jogadoras.



O que espera do Mundial que se celebrará no fim deste ano em Portugal?
Espero que Espanha ganhe, pois nas últimas competições acho que cometeram alguns erros.

Quais são as suas expectativas a nível individual e coletivo?
Desfrutar e competir com a mesma paixão de sempre.


As plataformas de divulgação do futsal feminino tem vindo a ser os site e blogues, que pensa disto?

Internet tem dado a possibilidade de chegar a mais pessoas e a muitos mais sítios que se fosse pelos meios clássicos nunca teríamos chegado, seria impossível porque o desporto feminino não interessa aos que decidem nestas coisas.

Por último, podes deixar umas palavras para os seguidores do Magiadofutsal?
Os desejo o melhor, que continuem amando o nosso desporto e como é normal, agradecer pela entrevista que foi um prazer responder.

Curiosidades:
Bebida favorita: Sprite
Comida predilecta: Macarrão da minha tia, são os melhores do mundo
Sobremesa: Profiterol
Uma música: Uma tranquila, que me acalme, mas também não sou de ouvir música.
Um filme: Ghosts
Um defeito: Muito despistada.
Uma qualidade: Boa pessoa e muito focada quando sei o que quero.
Filosofia de vida: Vive o momento, se alegre e sorri sempre. Vi muitos treinadores com medo do sorriso.
Jogador(a) de referencia: Ronaldo, mas o brasileiro, adorava vê-lo sorrir sempre que jogava, notava-se que amava o desporto que practicava.
Numero de eleção: 10

Algum ritual antes dos jogos? Tenho vários...Os dias dos jogos faço as coisas sempre na mesma ordem; o jeito de me equipar, meter a braçadeira no último momento, atar as sapatilhas justo antes se saltar a quadra...


Colaboradora: Amaia Galarraga

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