Numa entrevista exclusiva, conseguimos falar com Josi, a guardiã e capitã da Seleção Nacional Brasileira. Josi é jogadora profissional de futsal à 9 anos e em Oliveira de Azeméis cumpre o seu 3º Mundial de Futsal Feminino. Queremos agradecer a prontidão e disponibilidade mostrada por Jozi. Fiquem então com as suas palavras.
Nome e Idade?
Joziane de Oliveira, 30 anos. Mais conhecida como
Jozi.
Quem é Jozi?
Uma obstinada sonhadora.
Fala-nos um
pouco do teu percurso desportivo...
Inicie minha vida esportiva praticando e jogando
handebol, joguei por 8 anos e sempre fui goleira.
Desde quando praticas o futsal e porquê o futsal?
Considero haver começado com 18 anos, mesmo tendo
disputados algumas poucas competições antes, porque foi neste momento em que
comecei a me dedicar seriamente ao futsal. Minha equipe de handebol acabou por
falta de patrocínio e eu recebi o convite do professor Éder Popioslki para
fazer parte de seu projeto em Chapecó. Confesso que não a idéia de jogar futsal
não me atraia muito, mas eu não me via fora das quadras, me encantava o esporte
e eu queria continuar praticando, ainda que fosse futsal. Foi uma adaptação
gostosa e bem sucedida.
Como iniciou
essa paixão pelo futsal?
Pouco a pouco eu fui me adaptando e também me
divertindo. A cada treino, a cada movimento bem realizado, a cada jogo, a cada
vitória de minha equipe, cada detalhe do trabalho foi somando e fazia com que
eu gostasse cada vez mais de ir treinar e jogar ao futsal. Os objetivos pouco a
pouco se cumpriam e isso me fazia
buscar outros.
O que
representa o futsal para ti?
O esporte representa minha vida e o futsal uma das
partes mais bonitas dela. O futsal colocou o mundo ao alcance de minhas mãos e
trouxe para minha vida pessoas maravilhosas e experiencias inesquecíveis. O
futsal me ensinou a ser responsável, organizada e também me ensinou a ser
generosa.
Fala-nos um
pouco da tua equipa..
Atualmente jogo em uma equipe espanhola o Burela FS.
Considero que minha equipe é uma equipe muito lutadora (peleona). Quando decidi
deixar minha equipe no Brasil, depois de 6 anos juntas e vir jogar na Espanha,
acreditei 100% no projeto do
Burela e os resultados tem sido muito positivos. Ao longo dessas 3 temporadas
nossa equipe foi melhorando em muitos aspectos, principalmente no aspecto tático
e fomos atingindo os objetivos
propostos em cada uma delas. Temos muito a melhorar técnica e táticamente, mas
penso, que o diferencial desta equipe é que o grupo ama o que faz, a dedicação é
intensa e isso tem tornado nosso trabalho vitorioso.
Quantas
vezes treinas por semana?
Treinamos 6 vezes por semana. Sessões de
aproximadamente 1h 30 minutos.
Consideraste
uma jogadora profissional ou não dá
para viver apenas do futsal?
Sim, me considero uma jogadora profissional. Fazem 9
anos que me dedico unicamente ao futsal e minha renda vem puramente do futsal.
Como
classificas o futsal em espanha?
Tática e tecnicamente de muito bom nível, não
classifico como ótimo, porque penso que o futsal feminino brasileiro está um
passo na frente nestes aspectos. O futsal brasileiro é mais dinâmico é uma
característica que eu gosto muito. Já em relação a organização de calendários
para as competições da categoria feminina a Espanha é um exemplo a ser seguido.
Faz muito
tempo que jogas no futsal espanhol? Porquê o futsal espanhol e não o
Brasileiro?
Vim para a Espanha em Janeiro de 2010 e não se trata
de preferir um ou outro. O convite do Burela chegou em um momento em que eu
considerava oportuno ter uma experiência internacional. Sempre pensei na
possibilidade e já havia recebido outros convites, mas foi quando me senti
realmente preparada para este desafio que o aceitei. Sair de seu país para
trabalhar em outro em uma modalidade que carece de incentivo, profissionalismo
e principalmente de reconhecimento
não é uma decisão fácil de ser tomada.
Achas que
ainda existe preconceito em torno desta modalidade no feminino?
Lamentavelmente sim, mas eu prefiro usar a palavra “desconhecimento”.
Muita gente ignora nossa modalidade - Futsal Feminino – e generaliza comentários
e opiniões por não conhecê-lo.
A nível de
divulgação, achas que o Brasil está no caminho certo ou ainda tem algum
percurso a percorrer?
Acho que existem inúmeros organizações, clubes e
pessoas que estão fazendo um ótimo trabalho e se empenhando muito em divulgar o
Futsal Feminino. Temos que seguir caminhando e dando pequenos passos. As redes
sociais favoreceram muito o intercâmbio de informações, inclusive com a
transmissão de jogos, mas falta conquistarmos espaço na televisão. Qualquer
iniciativa neste aspecto é positiva.
3ª Torneio Mundial em Portugal... como te sentes por estares integrada na lista das 14 melhores do Brasil?
Me sinto ESPECIALMENTE HONRADA de fazer parte deste
grupo. Realmente me sinto muito feliz. Estava ansiosa esperando por essa lista
quando finalmente foi divulgada, comemorei muito, acabava de receber um premio.
Já viram a
cidade? Tem sido bem recebidas pelos portugueses?
Saímos dar um passeio hoje, pertinho aqui do hotel e
gostamos do que vimos. Fomos muito bem recebidos, a cidade toda está respirando o Mundial Feminino e sentir esse
clima é maravilhoso.
Vocês vão
defrontar o Irão, na terça feira... conhece a equipe?
Essa seleção em concreto não. Em algumas ocasiões já enfrentei a equipes iranianas em
competições com minha ex-equipe e também com a seleção universitária do Brasil,
mas a Seleção que veio para o Mundial não.
Quais são
os adversários mais temíveis desta competição Jozi?
O futsal está em constante evolução e a cada mundial nos deparamos com seleções
cada vez mais preparadas para competir. É importante estar atento a todas elas,
mas com Portugal, Rússia e Espanha é preciso ter uma atenção especial.
És a capitã
da seleção brasileira, que competências deve ter uma capitã, neste caso de uma
equipe de futsal?
Sinceramente penso que somos todas capitãs e que cada
uma contribuiu com algo para que o trabalho dê certo. O que tento fazer é doar
um pouco de mim para o trabalho e sempre estar conversando com uma e com outra
compartilhando experiências. Passamos pouco tempo reunidas e temos que nos
contagiar de energia positiva e coisas boas durante este período. Não importa o
momento que estamos vivendo fora, agora estamos aqui e isso tem que ser a coisa
mais importante em nossa vida, é a oportunidade que estamos tendo de escrever
mais um capítulo de nossa vida esportiva.
Fica fácil
liderar uma seleção tão forte, como é a canarinha?
É um grupo muito bom. Como eu disse antes, todas são líderes e se empenham 100% no
trabalho, todas contribuem, assim nenhuma se sobrecarrega com nada.
Quais são os teus objetivos pessoais e coletivos nesta seleção?
Meu objetivo pessoal e fazer da melhor
maneira possível cada uma das tarefas que tenho que fazer e seguir melhorando a
cada dia; e coletivo é poder
celebrar junto com minhas companheiras o título desta competição.
No último Torneio Mundial ficaram em 1º lugar... e agora em Oliveira de Azemeis?
Estamos confiantes e esperamos colocar em pratica
nosso melhor futsal, e assim poder chegar em mais uma final e repetir o 1º
lugar conquistado nos dois Torneios Mundial anteriores.
Queres deixar
uma palavra a todas as jogadoras que estão a iniciar a prática do futsal?
Que façam com amor, que acreditem no seu trabalho e
principalmente em si mesmas. Qualquer coisa que pensem em fazer, se acreditarem
de verdade, encontrarão meios de tornar realidade.
Por último, quer deixar uma palavra a todos os que acompanham o magiadofutsal?
Primeiro quero agradecer a todos por fazer parte do
mundo do futsal feminino, e segundo, mais que dizer algo gostaria de fazer um
pedido, que continuem acompanhando-nos e divulgando está modalidade tão bonita
para que essa corrente aumente cada vez mais.
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