quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ARTIGO DE ISABEL OSÓRIO: BOLA, UM PROLONGAMENTO DO CORPO

Isabel Osório, Professora de Educação Fisica e Treinadora de Futebol no Dragon Force FC Porto



Bola, um prolongamento do corpo. Uma relação Corpo-Bola-Jogo, que permite acção, mas mais importante ainda, interacção.


Após visualizar um vídeo no site aminhabola.blogspot.com sobre raparigas de 12/13 anos a treinarem Skills, resolvi escrever sobre a importância de (re)conhecer, sentir, a bola como mais um membro do nosso corpo.

Porque é importante começar desde cedo a brincar com a bola? No meu ponto de vista é fundamental já que para todos os jogares a bola é um dos elementos centrais para se jogar e acima de tudo é ela que permite marcar golos.

Assim, tocar a bola exige conhecimento sobre ela. Esta é algo estranho, é algo que existe foa do nosso corpo, fora de nós. Mas este objecto tem uma história, uma história de como tudo começa e de como tudo nunca acaba (acabar é morrer!). É uma história que vai sendo (re)construída por cada jogador, onde 1º estranham e depois entranham.


É importante tocar a bola muitas vezes, com diferentes partes do corpo, com diferentes bolas, diferentes pisos, para aumentar a sensibilidade e o conhecimento sobre ela.


Então essa história irá ser narrada ao longo do tempo pela bola e jogador, que deixarão de ser dois para ser UM.


Agora é necessário pensarmos que tipos de contextos teremos de dar para que essa história se construa lado a lado com a realidade que é o jogo.


Senão consideremos este exemplo de Choshi (2000) ao referir que “quando se vai projectar um carro, o que se pensa inicialmente é fazer um carro bastante estável (…) Mas é interessante notar que, apesar de na construção eles se preocuparem com estabilidade, controlo, e coisas do género, quando a qualidade do carro vai ser testada, ele é levado para o mato, neve, safari, ou seja, o carro é colocado nas condições mais instáveis possíveis para testar o que foi adquirido durante a estabilização. Portanto, o carro é considerado bom quando ele tem a capacidade de adaptação demonstrada nessas situações diversificadas. O ambiente estável para o qual foi projectado tem pouca importância.”

Este exemplo é bastante pertinente para o Futebol, pois como refere Fernandéz (2002) “o futebol admite muitas possibilidades: pode-se evoluir pelo terreno de muitas maneiras, pode-se marcar golos de muitas formas…, em consequência, o futebol permite à criança ir adaptando a sua inteligência nas diversas situações.”


Sendo assim, esta relação com a bola que a criança vai desenvolvendo ao longo do processo ensino-aprendizagem-treino, deve ser uma relação que lhe forneça inúmeras possibilidades de resposta e de acção, para que ela adquira graus de liberdade que quando coordenados permitem atingir um determinado objectivo.


Esta inclusão progressiva de graus de liberdade vão sendo gradativamente controlados, levando o sistema (jogador/equipa) a poder escolher as formas mais eficazes, mais adaptadas a essa situação, ou a poder escolher a solução mais eficiente dentro de um lote de possibilidades enorme (Barreiros, 2004).

Foto de Lombita

Para terminar, esta relação Corpo-Bola-Jogo permite à criança resolver os problemas em situações de jogo, adequados às crianças que temos à nossa frente com os seus défices circunstanciais, permitindo assim no futuro uma realização que “solicite cada vez menos recursos ao cérebro através da adaptação.” (Silva, 2008).


Isabel Osório

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