terça-feira, 24 de maio de 2011

É O PAÍS QUE TEMOS! IGUALDADES DESIGUAIS

O Curso de Treinadores «UEFA Professional» - IV Nível arrancou nesta segunda-feira no Luso, mas sob suspeita. O processo de escolha dos candidatos é contestado por Helena Costa, seleccionadora feminina do Qatar, que avançou com um pedido de impugnação, ao abrigo do direito de petição.O representante legal da treinadora não quis adiantar detalhes do processo, por força do sigilo profissional, mas o nosso jornal apurou que as dúvidas começam logo nas condições de inscrição. O regulamento exige quatro requisitos: possuir o nível III do curso; treinar dois anos nos campeonatos nacionais; estar pelo menos um ano no activo após a conclusão do curso «UEFA Advanced»; não estar sob o efeito de nenhuma medida disciplinar grave ou muito grave. Fernando Couto, por exemplo, levanta interrogações que se estendem a outros candidatos. O director desportivo do Sp. Braga nunca assumiu a condição de treinador.



Preenchidas as condições de inscrição, os candidatos são ordenados de acordo com critérios de selecção também contestados. «É uma perfeita injustiça entre candidatos masculinos e femininos», defende Joaquim Loureiro, lembrando que apenas as internacionalizações pela selecção principal masculina contam. «Dizer que os critérios são igualitários é uma falácia. Os critérios não permitem a entrada de mulheres, e é por isso que nos últimos três cursos só entrou uma, que foi a seleccionadora Mónica Jorge», acrescentou o advogado.


Sentimento de injustiça nasceu em 2009
«Estão em causa duas circunstâncias: em primeiro lugar os critérios de selecção, que não são igualitários em relação a treinadores e treinadoras; e em segundo lugar a eventualidade de existirem candidatos admitidos que não preenchem os requisitos», explicou Joaquim Loureiro, advogado de Helena Costa, ao Maisfutebol.

Esta não é a primeira vez que Helena Costa contesta a forma como são organizados os cursos de treinadores da Federação Portuguesa de Futebol. Em 2009 foi pedido um parecer à Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), favorável à posição da treinadora. «A federação entendeu que dizer-se que não havia igualdade era uma injustiça. A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) foi informada. A F.P.F. disse que tinha alterado os regulamentos. Passou a referir-se a treinadores e treinadoras, mas as competições femininas continuam a não contar», sustenta Joaquim Loureiro.

O advogado de Helena Costa entende que o pedido de impugnação «dificilmente vai alterar alguma coisa», mas defende que era altura de tomar uma medida. «O curso já começou, e a Profª. Helena está no Qatar, mas o mais importante é expressar a injustiça que ela sente, por não preencher os requisitos em igualdade com os colegas. Esta não é uma batalha de hostilidade, mas ela sente que o máximo que pode aspirar é ao III nível.»

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